sábado, 30 de janeiro de 2016

Meia maratona - Parte 2

Bem o terror de qualquer corredor aconteceu! Diarreia antes da corrida... que mais me poderia acontecer? Com isto tudo acabei por tomar um Imodium Rápido e lá fui eu rezando para conseguir aguentar a meia maratona. Estava meio desidratado mas não podia arriscar encher-me de água e aqui, em Mascate, parar à borda da estrada e evacuar não é opção! 

Os primeiros 5 km até ao primeiro abastecimento foram duros, tinha a boca seca e apesar da temperatura baixa que se fazia sentir em Mascate fazia um vento muito forte e o percurso junto ao mar sentia-se bem isso. Eu fui fazer um “treino longo”, ou seja, fui correr mas sem tentar bater um record, até porque o meu melhor tempo na distância é (era) 2h20m03s. Estava mesmo com sede e o meu ritmo era lento, como sempre fiquei muito para trás e saí com quase um minuto de atraso para os primeiros não tive problemas em posicionar-me para receber a água. Quando cheguei ao posto agarrei uma garrafa de 0,33l que foi uma surpresa, boa, porque eu precisava de água e como “treino” beber e comer em movimento ainda conservei a garrafa por uns dois quilómetros. doseando a ingestão de água. Lá me aguentei até ao próximo abastecimento e como levava um ritmo de 5m30s ou à volta disso por volta do quilómetro 7 estava a “sentir” pouca energia precisava de algo: e ali estava, banana! Banana e outra garrafa de água, e levava um ritmo de 5m20s. Tinha energia mas outra desgraça…Senti os pés escaldados e pensei que as Bikila Evo (FiveFingers) não tinham sido uma boa opção para a corrida - ou talvez as meias mais grossas. Como tenho corrido ultimamente com as FiveFingers não tinha as meias mais finas de verão, Injiji, todas para lavar, claro! Levo umas meias mais grossas e os pés ressentiram-se. Fugi sempre que pude para as bermas e a areia no caminho, raios e a ideia de levar “alpergatas de freak” para uma corrida séria - não foi uma experiência, tenho corrido ultimamente com este tipo de calçado, até já fiz esta distância, mas não neste clima. Em Versalhes cheguei a fazer treinos longos de 30km mas com 5ºC, 6ºC não com 18ºC. 

Aos 13km e com a estratégia da banana e água lá fui acelerando, encontrei o meu ritmo e lá fui eu, foi rolar, sem nunca passar das 160bpm, fiz maior parte da corrida entre os 145 e 160bpm. Comecei a passar muitos corredores, mesmo muitos, pelo menos uns 20! Aos 15km aumentei ainda mais o ritmo e comecei a correr perto dos 5m/km. Senti-me bem até ao fim e fui “apanhado”, a 2 km do final, pelo vencedor da maratona que levava 1h de avanço (partiram às 6 da manhã). Acompanhei o tipo o máximo que podia, mas o ritmo de 4m/km foi demais para mim e o último kilómetro abrandei para os 4m30 e consegui manter este ritmo até à 1h50m31s!!!!


Rapei uns meros 30 minutos ao meu melhor tempo e sei que podia ter feito mais, mas não quero parar mais de um dia para recuperar, fica para a próxima, fiquei muito, mas mesmo muito satisfeito! Terei de começar a abusar da velocidade e apertar mais comigo no mês de Fevereiro e talvez, talvez consiga chegar ao fim do MIUT! Por agora saboreio a minha façanha e continuo no meu percurso até aos 115km.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

A Meia Maratona de Mascate - Parte 1

São 3:53am e estou agarrado ao computador com o que eu imagino muitos corredores devem sofrer, insónias pré corrida. Quando for um corredor depois confirmo, ou então pergunto hoje se isto é normal. Pré corrida? Mas o MIUT não é só em Abril? É, mas hoje é o dia da Maratona de Mascate, e não, não é desta que me apanham a fazer uma maratona - mas espera lá não é este tipo que quer correr o MIUT 115? 

(Corre a maratona homem!)

Passo a explicar: das duas vezes que corri a distância da maratona, como parte do plano de treino para os 50km do EcoTrail de Paris, descobri que os benefícios de correr essa distância podem ser muitos, uma vez que submetemos o corpo ao stress de correr a ritmo de corrida e durante uma distância considerável, mas também aprendi que demora muito tempo a recuperar. Tempo esse que eu não tenho. Resolvi inscrever-me para a Meia-Maratona de Mascate. O meu tempo na distância não é nada brilhante, raios, o meu tempo na distância é miserável, 2h20m para percorrer os 21,1km! Nunca fiz menos de este tempo em qualquer actividade, treino, ou corrida (ao chegar a esta distância) - eu nunca corri uma corrida oficial nas distâncias de 21,1km ou 42,2km.
Vai ser hoje a estreia! E vou fazer a corrida em passo de treino? Não! Vou mesmo correr e com um objectivo bastante ambicioso! Baixar das 2h! É 1 minuto por km mais rápido do meu actual melhor tempo… 

Estou agora a pensar se devo publicar isto ou não antes da corrida… bem que se lixe, vou tentar cá voltar depois para contar o resultado.

Ontem recolhi o pack do corredor e foi um dos melhores que já recebi, com uma t-shirt muito gira, que não vou usar amanhã - levo uma que sei que não me raspa os mamilos - uma luz - por esta altura o sol nasce às 06:48am a Maratona começa às 06:00am e a meia-maratona uma hora depois - às 07:00am. O saco tinha mais uns habituais panfletos de outras corridas e o dorsal com os alfinetes e duas bolsas de sais. Estava imensa gente de muitas nacionalidades, incluíndo um grupo de omanis muito porreiro - e rápidos. Estava também Sunil, um simpático indiano que já me deixou a comer pó num par de corridas - recém chegado da maratona de Mumbai e até um clube de maratona da Austria.
Levei o meu filho Francisco comigo, mas ao fim do dia ele não estava muito entusiasmado com as corridas, e a meio da recolha e das conversas com outros corredores trocamos de papéis e ele como “adulto responsável” lembrou-me que tinha-mos de ir para casa jantar em vez de estar ali na conversa! 


Vou tomar o pequeno almoço e volto depois da corrida para contar como foi !

quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

100 dias para o MIUT

Gadgets
Confesso que sou um geek, ou em bom português um choninhas! Atenção, choninhas no que toca aos gadgets e à corrida. Tudo o que seja tecnologia ligada à corrida “tenho” de experimentar. Como não sou o tipo do DCRainmaker não tenho acesso a todos os produtos para experimentar na corrida. 
Quando comecei achei por bem utilizar o telemóvel. Tinha tudo o que eu precisava de monitorizar, e eu acredito que ainda tem, mas depois de alguma utilização comecei a encontrar os primeiros pontos negativos. Por exemplo: quando comecei a correr vivia em Vélizy e aquilo chove imenso e faz muito frio. Logo aqui encontrei dois dos grandes problemas da utilização do telemóvel nas corridas - estanquidade e a duração da bateria quando fazia muito frio. Bem a chuva tem solução barata, que ainda hoje utilizo por motivos diferentes, que é o saco de plástico com fecho zip, daqueles de congelar os alimentos por exemplo. Serve perfeitamente, hoje utilizo a mesma solução para o suor, resulta embora o ecrã táctil seja um problema com aquela camada de plástico por cima. Para o frio não há grande solução porque a bateria “vai” num instante. Manter o telemóvel junto ao corpo só resulta até um certo limite uma vez que depois temos o suor. Tudo isto serviu de desculpa interna me convencer a comprar um relógio com GPS, à prova de água , com duração de bateria razoável... Acabei por comprar o Garmin Fénix 2 o que para mim era mais do que eu precisava, mas como ia fazer o trail coloquei os mapas “dentro” do relógio e fiz pequenas porções como reconhecimento e treino para o trail. E depois aquilo dá um ar de PRO! Ou nem por isso porque quem olhar para mim vê um gordo que decidiu gastar uma pipa ed massa num relógio para correr uma dúzia de vezes e acabar os dias numa gaveta!
A uma semana do trail o relógio pifou! Entrei em pânico – logo aqui se vê o nível de chonisse – é só um relógio. Acabo por ficar mais preocupado com o relógio de que com a distância do trail que nunca tinha feito, muito menos naquelas condições. Quando se treina pode-se sempre dizer: bem já chega, foi um bom treino, mas em competição a meta existe e é, na maioria dos casos, para ser alcançada! E ali estava eu em pânico por causa de um relógio. Acabei por experimentar o Suunto Ambit Peak 3 mas não gostei, devolvi-o. Estava feito ao Garmin e tinha comprado um monte de sensores para que não eram compatíveis com o Suunto. 
Com tanta parvoíce e chonisse acabei por comprar um Garmin Fénix 3 – e agora devem de estar a pensar que eu sou rico ou que não tenho que fazer ao dinheiro – mas não sou rico e acabei por gastar dinheiro mal gasto nestes gadgets. 
Podia ter ficado por aqui mas mais tarde ainda comprei um aparelhómetro que mede a potência na corrida Stryd e outro para medir os níveis de oxigénio nos músculos! 
Tenho um monte de medidas que servem absolutamente para nada e em vez de perder o meu tempo em fazer um bom treino acabo por passar mais tempo a ligar geringonças e assegurar-me de que estas funcionam durante a corrida que concentrar-me na própria corrida. 
Os meus últimos treinos são passados mais com o telemóvel a tocar musica e levo o relógio com o monitor de frequência cardíaca e já está. Até é demais. 

Tento deixar a parte das medidas e das métricas para depois de atingir a performance desejada e até lá concentrar-me mais nos treinos. Para os interessados deixo aqui o site DCRainmaker para despertar o gosto por geringonças, com excelentes criticas, recomendações e comparações para que gosta de correr com montes de tecnologia.

terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Primeira falta...

E não foram precisos muitos dias... para faltar com a resolução de um post por dia naquele que iria ser o meu diário para o MIUT.

Mas durante este tempo não estive parado, não! Acabei por fazer um trabalho de pesquisa na anterior preparação para a minha outra (e única) experiência de trail : Eco Trail de Paris 7th Ed.
Confesso que fiquei desiludido. Na altura pensei que me tinha preparado o melhor que podia e que estava num pico de forma invejável. Claro que depois da corrida ficou bem patente que não era o caso e que chegando muito atrás da metade do pelotão, ( devo ter chegado nos últimos ¾ do pelotão) acabou por ser bastante bom para um tipo pesado e lento como eu.

Outra das constatações foi a velocidade! Pronto! Eu sei que o terreno e que o tipo de distância no ultra-trail não proporciona grandes devaneios quanto à velocidade, e para todos os que, como eu, não são o Kilian Jornet, a velocidade média é sempre muito baixa quando comparada com o ritmo que normalmente outros corredores fazem nas meias e nas maratonas. Tendo dito isto a minha velocidade média foi muito baixa durante os treinos, e maior parte dos treinos foram feitos em estrada. O problema é que eu não sei que tipo de treino fazer para uma ultra. Parece ser o segredo mais bem guardado de todos os que treinam para este tiipo de prova. Cada atleta tem o seu tipo de treino e a estratégia para a corrida dita muito o tipo de preparação mas não há uma receita tipo que possa servir de guia para atingir os objectivos de um ultra-trail...


domingo, 3 de janeiro de 2016

MIUT 115 - 5º post

Hoje troquei a pilha à balança... O Natal e o Ano Novo vieram cobrar a factura e olha só a novidade: mais 1 kg o que não foi mau tendo em conta os exageros mas devia ter perdido a quantidade que ganhei! Não foi por mudar a pilha que o peso mudou... mas como a balança digital indicava Bateria Baixa fui experimentar não se fosse dar o caso.
Agora neste momento, quando revejo estas linhas pareço uma mulher em plena operação biquini ou um conta calorias!
Sem stress. Aliás isto de perder peso tem apenas a ver com a equação 2,5X o peso do corpo a cada impacto multiplicado pelo número de impactos (passos) para completar o MIUT. Quanto mais coisas a meu favor melhor, porque com o espirito que estou agora mesmo não vou conseguir sequer passar dos 30 km, com os seus 2 KM verticais!
Mas nem tudo são más noticias, o tempo por aqui continua fantástico, ontem estiveram 28ºC de máxima e depois da minha aventura pelo enorme monte retirei duas boas lições. Ainda por cima fiz uma pequena adaptação na mochila para transportar os bastões e acho que resulta. Ainda vou fazer mais umas quantas saídas com tudo aquilo mas penso que a solução está aprovada.

Distância para este mês pelo menos 3000 metros na vertical, já vou com 600 metros graças à corrida de ontem e descobri um local com bastantes degraus apenas a 45 km daqui! Isto promete.

sábado, 2 de janeiro de 2016

Hoje tinha programada uma corrida curta (que vinha mesmo a calhar depois da tareia de ontem), mas já à algum tempo que andava a pensar em subir uma colina aqui perto de casa e lá fui eu. Também queria testar os bastões porque sinceramente não tenho experiência nenhuma e não quero ir fazer experiências em prova.

Também aproveitei para testar as Salomon. 

Chegado ao local vesti a mochila e procurei o melhor sitio para atacar a montanha. Aquilo não tem qualquer trilho e tive que procurar a melhor forma de iniciar a subida. Os primeiros 100m verticais foram difíceis, aquilo foi mais alpinismo e menos trail. Deu para testar as Salomon que se portaram à altura. Aquilo agarra-se bem à rocha dura de Omã, consegui boa tracção a subir e a descer… a descer descobri que a palmilha (apenas no pé direito) com o suor e a inclinação se enrolou dentro da sapatilha… ainda bem que foi neste teste e não no meio da prova. Fica o alerta, ou troco as palmilhas ou tenho de arranjar uma maneira de as manter no lugar.





Os bastões… agora percebo por que é que os mais experientes têm bastões desdobráveis e não telescópicos: depois de tanto golpe começaram a desenroscar e recolheram!



Consegui subir 500 metros verticais, num monte cheio de pedras soltas e pontiagudas! E fui sozinho para aquele sítio com apenas um litro de água! Creio que não volto a repetir a experiência naquele local, preciso de treino fisico e técnico, testar o material e chegar vivo ao MIUT.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

Feliz 2016

Hoje, o primeiro dia do ano, foi duro. Saí de casa com a mochila com todo o equipamento do MIUT para testar e ainda bem que o fiz. Descobri que a roupa de reserva dentro fica molhada pela transpiração então vou ter de encontrar a solução - saco de plástico! 

Depois dos excessos de ontem consegui fazer 17km mas a partir da 1h30 tive de parar. A idade, a falta de sono, não ter tomado pequeno almoço, saíu caro! Mas que raio, é já este ano o MIUT. Pode ser que o ano novo me traga mais alento e consiga ultrapassar as mazelas e lesões e comece de uma vez por todas o caminho para o MIUT.

Amanhã vou testar uns caminhos de terra para não ser só alcatrão e para poupar os joelhos. Vou também estrear as Salomon e esperar que não descubra uma desagradável surpresa.


Aproveitem o ano de 2016 e bons treinos

quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

114 dias para o MIUT

O equipamento.

Uma dos elementos que me tem preocupado com o desafio do MIUT é toda a logística e equipamento que vou necessitar. Eu não sou como a maioria dos corredores que vão participar nesta prova e não tenho qualquer experiência de ultra distância, como mencionei no primeiro post só fiz uma prova de 50km em terreno praticamente plano e em condições completamente diferentes daquelas que irei encontrar na Madeira. Para resumir este ponto não tenho ideia nenhuma sobre o que levar ou usar. O que sei é que encontrar equipamento da especialidade, aqui em Omã, é bastante difícil.

As minhas sapatilhas de trail -  sim eu sou antiquado e escrevo sapatilhas em vez de ténis – são umas Lafuma V300 que comprei em saldo num Outlet só porque diziam trail e eu achei adequado para a prática da actividade. Não faço ideia se são boas ou más, para terreno seco ou molhado. Sei que não gosto de correr com elas e que sempre que as uso fico com os pés massacrados. 


Depois todo o material que eu tenho foi pensado para o clima frio, húmido e lamacento da região de Paris onde vivia - Velizy-Villacoublay, uma pequena vila da periferia de Paris muito próxima de Versailles e com condições óptimas para a prática do trail. A 200 metros do apartamento onde vivia tinha uma floresta predominantemente constituída de carvalho – presumo que seja o tal do carvalho francês tão utilizado na produção de bom vinho , mas nunca conversei com os carvalhos embora tenha utilizado a parte de trás para conduzir outras actividades! O terreno de inverno era mole, de terra preta, escorregadio, e no verão, ou quando estava seco era duro que nem pedra. Acabei por comprar umas Salomon Speedcross 3 para aquele terreno e na verdade é que nas poças e na lama eu parecia um autêntico tractor – gordo, pesado e movendo-me devagar! 

Outro factor é que eu, por falta de conhecimento, comprava as sapatilhas para o meu número. Quem estiver a ler isto que não esteja habituado a estas coisa pensará: “ É lógico!” mas o que eu depressa aprendi é que os pés incham quando estamos muitas horas de pé a correr e que um pouco de espaço não faz mal nenhum e que até é recomendado! Tenho neste momento um monte de sapatilhas que estão boas para correr mas apenas curtos períodos ou para utilizar no ginásio.

Para resolver alguns destes problemas acabei por ter de ir ao Dubai num destes fins de semana para comprar umas sapatilhas adequadas. Depois de ler alguns blogues, pesquisar a internet e ver o que levam nos pés as pessoas que correm o MIUT – um trabalho de pesquisa que me levou a ver muitas horas de videos e fotos de participantes das antigas edições do MIUT – acabei por escolher as Salomon S-Lab Wings desta vez para o comprimento do meu pé!





A mochila foi fácil, porque desta vez já tinha alguma experiência. Como na preparação dos 50km do EcoTrail de Paris acabei por fazer 2 vezes a distância da maratona acabei por levar às costas a comida e bebida que necessitava, uma vez que fiz estas distâncias sozinho. Descobri que as mochilas que tinha, uma da Asics e outra da marca Kalenji da Decathlon são pequenas e confortáveis para as pequenas distâncias mas com pouco volume e difícil de aceder aos poucos bolsos na parte traseira. A minha escolha foi outra vez para a marca Salomon e o modelo Skin Pro 10+3 Set que no primeiro teste de 2 horas se “portou” muito bem. As principais diferenças em relação às outras mochilas que eu tenho é o conforto e o ajuste ao corpo que se reflete em menos balanço e menos roçaduras, os bolsos bastante acessíveis, e a facilidade de aceder a tudo o que é preciso tendo espaço para tudo.






A pergunta que faço é: bastões ou não? Acabei por comprar uns bastões na minha ida ao Dubai, um pouco pesados e da marca da Decathlon, que por agora devem servir de treino. Na realidade não sei se hei-de levar bastões ou não!?? São 115km e os bastões podem ajudar a poupar as pernas mas também são um extra peso e eu não tenho qualquer experiência com bastões por isso vou ter de experimentar e descobrir por mim próprio se é útil ou não o uso dos bastões.





Meias, casacos, camisolas e outras bugigangas...
As meias sei bem o que levar sem margem para dúvida: Injiji – as famosas meias com dedos. Comecei a utilizá-las quando comprei o meu 3º par de FiveFingers e descobri as vantagens de ter pés secos e livres de bolhas. O casaco impermeável é da Lafuma com Gore-Tex e um corta vento também da Lafuma. Calções e calças de compressão uma vez que faz parte do material recomendado. Claro que vou levar o Garmin Fénix 3 e a lâmpada frontal da Petzl RXP que espero seja uma grande ajuda durante os períodos nocturnos e com a tecnologia reactiva permita ver bem o caminho sem comprometer nas subidas e que a duração cubra as necessidades. A propósito da tecnologia reactiva, no frio gélido de Paris descobri que o vapor saído da nossa boca faz a luz mudar de longo/médio alcance para curto uma vez que o sensor “vê” demasiada luz devido ao vapor e muda para uma intensidade mais baixa. Espero que na Madeira isto não aconteça. Claro que a temperatura mais baixa que encontro aqui em Omã são 17ºC e não são de todo suficientes para condensar o vapor da nossa respiração por isso não tenho esse problema durante os treinos!




Ontem fiz um treino de progressão onde me senti bastante bem mesmo nas subidas, que apesar serem de alcatrão (por agora) serve bem uma vez que o meu objectivo durante o mês de Janeiro é ganhar o máximo de quilómetros possível para ter uma boa base e a partir daí atacar os montes de Omã e fazer treino mais específico para o terreno que vou encontrar no MIUT. 
Outro dos aspectos que me preocupa é a falta de motivação, ou melhor, acreditar que não vou ser capaz... Preciso de motivação mas a treinar sozinho e com a ideia fixa de que estou muito longe da forma desejada.... devia estar mais leve é que os meus 81kg não me deixam nada confiante para o martelar de pernas e os joelhos que vão ser aqueles 115km ou 24h que é o tempo a que me proponho.

Hoje há mais treino, desta feita com um grupo de simpáticos e bem dispostos corredores que fazem parte do grupo dos Muscat Road Runners. Eu não faço parte do grupo mas todas as quintas-feiras eles organizam uma corrida de 4km ou 6km a que chamam de PDO Fun Loop onde se corre/treina num espirito de confraternização que me ajuda a manter-me motivado. Na verdade acabo por ir lá testar-me com estas autênticas máquinas do deserto, bem preparados e que vão divertir-se e não medir forças comigo. Acabo por falar um pouco sobre o desporto e saber alguma novidades e basicamente levar 2 a 3 minutos de avanço de tipos de 60 anos ou de putos novos que correm para .... Num destes dias resolvi medir forças com o Sunil, um pequeno indiano que eu assumi fácil de deixar para trás... e como me enganei! Comecei a dar tudo o que tinha na volta dos 4km e nos 2 primeiros quilómetros o tipo não descolava e quando descolou lá foi ele! Deu-me mais de um minuto de avanço depois da barreira dos 2 km.  Assim sendo todas as quintas-feiras vou lá correr o melhor que posso na esperança de conseguir chegar ao mesmo nível que estes tipos e também procurar puxar um bocado mais uma vez que tenho companhia. Hoje é quinta-feira!

quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

MIUT 115 a 115 dias

MIUT 115

Bem estamos a 115 dias do começo do MIUT na sua 8º edição. São 115km que começam no dia 23 de Abril à meia-noite em Porto Moniz na Madeira e que num tempo máximo de 32h os corredores deverão chegar a Machico – pelo menos é isso que eu espero.

Na verdade não estou nada preparado para esta prova, raios, nem para fazer uma maratona em menos de 4 horas em terreno plano, mas porque raio me propus a percorrer 115km num dia com vários quilómetros verticais!!!???  Talvez seja a resposta mais difícil de encontrar, mas basicamente porque posso – ou melhor deixaram-me inscrever - e raios adoro um desafio. Não vou fazer uma ultra maratona só porque sim, mas porque faz parte de um plano maior, um plano que inclui MDS e UTMB entre outras.

Tudo começou à dois anos e meio quando saí do Dubai e comecei a trabalhar em França , na zona de Paris e depois de mais de cinco anos de sedentarismo resolvi reduzir o peso dos 95 para um peso que me deixasse apertar os sapatos sem ficar sem fôlego. Pois é! Estava assim de gordo, no limite da obesidade pela tabela o BMI (Body Mass Index) ou em bom português o IMC (índice de massa corporal).

Comecei a correr, aos poucos, depois comecei a correr mais longe e mais rápido, sempre sozinho até me inscrever para a minha primeira prova de 10km que consegui fazer em menos de 1h! Foi uma vitória, para quem não corria à tanto tempo, raios não corria assim desde que no ano de 98/99 treinava com o meu amigo Orlando Lino. Raios agora que penso nisso foram mais de 13 anos sem correr. Bem quando me mudei para Espanha em 2008 cheguei a correr em Barcelona mas sem grande consistência…

Já voltarei ao passado mas agora fica a razão que me trouxe de novo ao blogue. Vou transformar este blog no diário da preparação do MIUT. Já estou inscrito e já tenho o bilhete para a Madeira. Levo o meu cunhado que sendo de lá e conhecendo bem o terreno me vai dar uma preciosa ajuda, pelo menos assim espero, porque ele agora está em Portugal e eu estou a 6600km de distância no Sultanato de Omã!

Hoje vou treinar uma hora porque ainda estou a recuperar da cirurgia a que fui submetido à pouco mais de um mês. Claro que foi logo a seguir à minha inscrição no MIUT que, numa ida ao médico, um problema de saúde ditou um internamento e uma cirurgia que me ia impossibilitar de treinar durante 3 semanas e condicionar o treino durante os próximos 3 meses. Ainda assim vou fazendo o que posso. Tenho a sorte de já não estar com 95kg, de ter tempo para treinar pelo menos uma vez por dia se assim o desejar, e ao contrário dos países vizinhos Omã tem bastantes montanhas, algumas das quais atingindo as inclinações que espero encontrar no MIUT - até descobri uns magnificos degraus escavados numa montanha que vão da cota 600 até à cota 2000!


Bem já me alonguei bastante nesta introdução mas vou deixar mais pormenores da minha viagem de corredor de sofá ao MIUT 115 em 115 dias.

domingo, 4 de maio de 2014

Não me revejo neste país.

Uma das razões porque decidi viver fora deste país é porque não me revejo nele. Tenho orgulho de ser português e continuo fiel às minhas raízes ribatejanas, gosto de toiros, toiradas, tenho e guardo religiosamente o meu sotaque que roça um pouco o alentejano (devido à proximidade) e sinto-me em casa na minha pequena vila da Chamusca… mas não me revejo neste país. Que país? O país de que todos sabem como (mal) funciona e que todos se resignam e ninguém fala. Porquê? Porque hoje no Expresso saiu a seguinte notícia que mostra os Colégios inflacionam as notas! E depois? O Jardim Gonçalves vê os crimes prescritos o Zé da esquina é preso por roubar uma lata de atum para alimentar a família. O governo anuncia que não aumenta impostos e fá-lo pouco depois e manda-nos emigrar se estamos mal! Já lá estou meu caro Coelho, não foste só tu que nos mandou emigrar, embora confesso que com uma frase tão directa não deixa espaço para dúvidas e segunda interpretações, muito bem.
Não sou nenhum iluminado, mas estes erros, este desinvestimento no futuro do país vai mergulhar Portugal num atraso que muito dificilmente vamos recuperar, vamos deixar sair a juventude e tratar de aumentar os impostos aos reformados para pagar salários a quem nunca trabalhou!
Um dia volto, mas não para ajudar a reconstruir este país, não devo nada a este país nem ele a mim por isso quando voltar é para estar, simplesmente estar sem chatear nem voltar a falar deste meu desabafo, porque afinal quem sou eu para falar assim, não sou nenhum doutor saído das mais brilhantes universidades nem um iluminado gerado das profundezas mas máquinas partidárias de uma Jota qualquer.
Ah mas sou capaz, num dia mais amargo, de dizer: não foi nada que eu não tivesse dito (eu bem te avisei!)