domingo, 4 de maio de 2014

Não me revejo neste país.

Uma das razões porque decidi viver fora deste país é porque não me revejo nele. Tenho orgulho de ser português e continuo fiel às minhas raízes ribatejanas, gosto de toiros, toiradas, tenho e guardo religiosamente o meu sotaque que roça um pouco o alentejano (devido à proximidade) e sinto-me em casa na minha pequena vila da Chamusca… mas não me revejo neste país. Que país? O país de que todos sabem como (mal) funciona e que todos se resignam e ninguém fala. Porquê? Porque hoje no Expresso saiu a seguinte notícia que mostra os Colégios inflacionam as notas! E depois? O Jardim Gonçalves vê os crimes prescritos o Zé da esquina é preso por roubar uma lata de atum para alimentar a família. O governo anuncia que não aumenta impostos e fá-lo pouco depois e manda-nos emigrar se estamos mal! Já lá estou meu caro Coelho, não foste só tu que nos mandou emigrar, embora confesso que com uma frase tão directa não deixa espaço para dúvidas e segunda interpretações, muito bem.
Não sou nenhum iluminado, mas estes erros, este desinvestimento no futuro do país vai mergulhar Portugal num atraso que muito dificilmente vamos recuperar, vamos deixar sair a juventude e tratar de aumentar os impostos aos reformados para pagar salários a quem nunca trabalhou!
Um dia volto, mas não para ajudar a reconstruir este país, não devo nada a este país nem ele a mim por isso quando voltar é para estar, simplesmente estar sem chatear nem voltar a falar deste meu desabafo, porque afinal quem sou eu para falar assim, não sou nenhum doutor saído das mais brilhantes universidades nem um iluminado gerado das profundezas mas máquinas partidárias de uma Jota qualquer.
Ah mas sou capaz, num dia mais amargo, de dizer: não foi nada que eu não tivesse dito (eu bem te avisei!)

sábado, 3 de maio de 2014

Os anos de viagem ensinaram-me muita coisa, mas nunca a arte da paciência!

No momento em que escrevo estou no avião Agostinho da Silva a caminho de Portugal para assistir ao nascimento da minha filha. O vôo estava planeado para amanhã mas a minha filha resolveu que o 25 de Abril era o momento certo e pronto! Lá troquei o vôo, aluguei um carro e tratei de não dizer nada à minha mulher! Os anos de viagem ensinaram-me todos os truques e dicas e estratégias de ir do ponto A para o ponto B de forma mais eficaz possível, nunca me ensinaram a ter paciência. Já matei o tempo em vários aeroportos, dependendo de onde estou a estratégia muda sempre mas aquele passar dos ponteiros por cada marca segue sempre igual. Hoje estou especialmente impaciente. Quando o Francisco, o meu primeiro filho nasceu voei do Dubai uma semana antes, com bastante tempo de avanço, mas hoje não. Se tudo correr bem, chego a Lisboa às 08:00 recupero a bagagem e levanto o carro no rent-a-car o mais rapidamente possível. Depois tenho uma hora e meia de viagem para o Hospital de Abrantes. A minha cunhada, a única pessoa que sabe desta viagem vai atrasar a saída para o hospital das 8:30 para as 9:00, com meia hora de caminho ainda nos encontramos...

Estou ansioso, impaciente, com vontade de que tudo dê certo e que consiga surpreender a minha mulher. Só me lembro de estar tão ansioso quando em Banguecoque a minha mulher me ligou a dizer que estava doente, tinha desmaiado e estava sozinha e sem apoio em Barcelona - onde não conhecia ninguém e não tinha qualquer suporte, nem espanhol falava - no balcão de check-in dizem-me que estão em overbooking e que eu não podia viajar para ir ao encontro da minha mulher!
Deve ter sido quando mais impaciente estive e furioso, mas acho que me fiz entender e lá fui ao socorro da minha mulher. Hoje também vou, ao socorro da minha família, do meu coração, do desejo de estar sempre presente embora longe, e de marcar os momentos mais importantes.


Maria do Carmo o pai vai a caminho, impaciente e a caminho.