sábado, 3 de março de 2012

Adeus Francisco, até já...


Já por duas vezes este ano tive que de dizer, lavado em lágrimas, adeus à minha mulher. Vai-se tornando uma rotina forçada à qual me vejo obrigado a obedecer desde que aceitei a desafiante tarefa de gerir um projecto no Dubai. É bastante difícil dizer adeus à minha mulher, quando à pouco mais de 8 dias fui pai da criatura mais linda deste mundo. Ainda me vêem as lágrimas aos olhos no momento em que escrevo estas linhas. Acho que este adeus foi dos mais difíceis da minha vida. Nem sei como encontrei forças para entrar no avião, e nem sei quanto tempo me vou aguentar por lá sem a minha linda mulher e o meu querido filho. Estou disposto a fazer passar o tempo o mais depressa possível e a criar o menos atrito possível com os meus empregadores, mas só tive 2 semanas com a minha mulher e uma com o meu filho. A minha saída de Espanha foi um pouco precipitada pela minha ambição e creio que a ambição até é boa, mas tem limites, e neste momento encontro-me à beira do precipício, só falta dizer como o outro demos um passo em frente e foi o passo correcto: Eit como diz o meu amigo Orlando, eit!
Eu sei que o dinheiro não é tudo e até me chego a convencer disso, mas não é verdade, o dinheiro é importante, este trabalho ainda mais e estes dois anos de contrato devem ser exprimidos o máximo possível. Depois logo se vê, mas a experiência acumulada vai-se tornando um fardo que faz de mim uma pessoa mais conhecedora do mundo e da vida, o que não é necessariamente melhor, antes pelo contrário e vice versa.
Sinto a falta do meu filho e da minha mulher e nada neste mundo me preparou para isto, e foi preciso mais coragem para sair pela porta de casa do que aquela que eu precisei em todos os anos de forcado antes de entrar em praça, em todos os anos de viagem de avião (sempre com mais medo de perder a bagagem do que despenhar-se) ou mais coragem para enfrentar as adversidades nos países “difíceis” pelos quais passei. O som da porta ao fechar quase abafava o soluçar de ambos, enquanto o Francisco dormia tranquilamente sem saber que o seu pai não o ia embalar essa noite. Que durante não sei quanto tempo não vai estar no primeiro colo que teve. Acho que a paternidade puxa ao lado mais lamechas, mas porra, ninguém me preparou para isto e nem eu nunca pensei que ia ser assim tão duro, mas sou determinado e o que não nos mata torna-nos mais fortes, ou uma merda qualquer assim... 

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